A banalização do Hip Hop americano e a postura do Samba perante a sociedade foram os temas que movimentaram o debateFoi reflexiva a quinta-feira (13/11), primeiro dia do Seminário Hutúz, que aconteceu no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), no centro da cidade do Rio de Janeiro. O encontro foi baseado no tema “Favela rima Samba ou Hip Hop?”, que levou a platéia a refletir sobre estes segmentos culturais, suas posturas perante a sociedade.
A mesa foi composta por Sandra Almada, que é jornalista, professora universitária e uma das fundadoras da Central Única das Favelas (CUFA); e por Marcelo Jacob, que é Diretor de Harmonia da Escola de Samba Portela e foi substituindo o presidente da agremiação, Nilo Figueiredo – que não pôde comparecer por motivos pessoais, assim como o ator e cantor Sergio Loroza. Quem mediou a discussão foi Anderson Quak, ator e diretor da Cia. de Teatro Tumulto.
Dando início aos questionamentos, Sandra Almada ressaltou que os movimentos sociais falam com a comunidade. “Hoje não é necessária a presença do intelectual para intercambiar conhecimentos com a sociedade. Os movimentos sociais oriundos das favelas fazem esse papel, como por exemplo, o Hip Hop”, disse a jornalista, confirmando a importância do Hip Hop enquanto fala da favela para a sociedade.
Quando perguntada sobre a possibilidade de a mídia prejudicar a inserção da cultural Hip Hop aqui no Brasil, como acontece nos Estados Unidos, Sandra disse que a mesma tem um lado bom e um lado ruim: “Ao mesmo tempo em que os movimentos sociais podem ter visibilidade por estarem presentes nos veículos de comunicação, a indústria cultural cria seguimentos que podem distanciar o verdadeiro intuito daquela manifestação, o que acontece com o Hip Hop americano”, refletiu a jornalista, argumentando que essa questão ainda deve ser discutida.
Para Marcelo Jacob, Samba e Hip Hop estão interligados. “Ambos são manifestações da favela. É uma interação perfeita que tem tudo pra dar certo num processo de evolução cultural, ou seja, o Carnaval já sofre esta mudança, o que o deixa mais belo”, comentou, adiantando que em 2009 a Portela vai levar uma surpresa ligada ao Hip Hop para a “passarela do Samba”.
O público se fez presente, apimentando ainda mais o encontro. Uma das questões levantadas foi sobre como o Carnaval contribui para melhorar a condição de vida das pessoas que dele participam. Jacob respondeu dizendo que as escolas de samba se transformaram em empresas, onde são feitos projetos por meio de parcerias e convênios para atender a comunidade que norteia o Samba. Esses projetos vão do esporte à cultura, passando por cursos de capacitação para o mercado de trabalho. “Na Portela, a comunidade foi resgatada. As pessoas, além de fazerem parte do corpo de colaboradores, participam dos cursos profissionalizantes oferecidos”, salientou.
Por: Filipi Santos.
Mesa 1: Favela Rima Samba ou Hip Hop?
Dia 13/11 – 18:30h
Descrição: Apesar de serem gêneros musicais distintos, Samba e Hip Hop guardam em si, semelhanças latentes, uma vez que são expressões sócio-culturais afro-brasileiras, oriundas das favelas e detentoras de um mesmo papel de resistência e afirmação de identidade. Entender como estas manifestações adquiriram, ao longo do tempo, relevância dentro da cultura brasileira, bem como identificar as reações negativas que estas ainda imprimem à sociedade são algumas das questões que norteiam a mesa.Participações: Anderson Quak (Diretor da Cia. de Teatro Tumulto) - MediadorSérgio Loroza (ator e cantor), Sandra Almada (jornalista) e Nilo Figueiredo (Presidente da Portela).
Mesa 2: Elas, do Carnaval ao Hip Hop-Pela Valorização da Mulher Brasileira
Dia 20/11 – 18:30h
Descrição: A participação da mulher no Samba e no Hip Hop não se restringe somente aos quesitos beleza e sensualidade. De fato, sua trajetória nestes gêneros tipicamente masculinos foi e continua sendo marcada por muitas lutas e conquistas, servindo ainda mais para reafirmar, integrar e disseminar a figura feminina. Entretanto, ao mesmo tempo em que há uma propagação, acontece também uma série de preconceitos cercados de desvalorização e banalização de imagem. Se cabe à mulher reverter este quadro, é importante que se compreenda como essas manifestações sócio-culturais podem legitimar a representatividade social das mesmas, entendendo-se a importância de sua contribuição dentro do cenário musical.Participações: Hannah Lima (rapper) - Mediadora Quitéria Chagas (modelo) e Marina Maggessi (deputada federal).
Mesa 3: Hip Hop é 10 no Quesito Harmonia
Dia 27/11 – 18:30h
Descrição:Neste século, o Hip Hop passou a ser um autêntico representante da cultura contemporânea urbana e um importante elemento aglutinador da juventude. Vale a pena ressaltar como este movimento pode constituir-se em uma importante ferramenta para o processo de construção da cidadania, bem como entender qual é a sua aceitação e relação com os demais movimentos populares, que também trabalham para construir o conceito de cidadania em suas áreas.Participações: Preto Zezé (apresentador do programa de rádio SE LIGA!) - Mediador Ricardo Macieira (Secretário Municipal das Culturas do Rio de Janeiro), Alessandro Buzo (escritor e apresentador do quadro “Buzão – Circular Periférico”) e Tommy The Clown (atração internacional).
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